No século
XX, a seca atingiu o sertão nordestino e levou milhares de pessoas a migrar
para o litoral, o que evidenciou as condições de insalubridade em áreas de
Natal, como a Ribeira. Em busca de trabalho ou de passagens oferecidas pelo
governo para outras regiões, mais de 25 mil retirantes chegaram à cidade. A
concentração de migrantes, principalmente nos arredores do porto, com pouca
infraestrutura sanitária, potencializou a eclosão da epidemia de varíola em
1904-05, exigindo intervenções das autoridades locais. Compreender, o alcance
das ações tomadas pela Intendência Municipal e pelo Governo do Estado, no
enfrentamento dos problemas urbanos, ratificados por essas adversidades, é o
objetivo do trabalho. Para tal, realizou-se revisão bibliográfica a partir de
autores que discutiram o pensamento higienista e a insalubridade de Natal
naquele momento (EDUARDO, 2000; FERREIRA et al., 2008; LOPES,
2018), bem como os estudos de Simonini (2021; 2020; 2014) a respeito do porto
da Ribeira. Associado à literatura pertinente, analisou-se os relatórios governamentais,
jornais e fotografias que auxiliaram na reconstrução do tempo passado. Os
resultados revelam que o poder público se apropriou do discurso da seca para
angariar recursos e realizar obras de "embelezamento" da cidade, usando a
mão-de-obra dos migrantes, mas negligenciou a assistência adequada ao flagelo e
à epidemia, com o despreparo do hospital, presença de pessoas doentes nas ruas
e aglomeradas nos barracões.
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