Os jardins públicos são importantes expressões culturais urbanas por guardarem características morfológicas de épocas distintas, por celebrarem a natureza no meio urbano e por favorecerem a convivência dos habitantes com o meio natural. Os jardins possibilitam a adequação da natureza ao contexto urbano e assim se tornam por excelência áreas de amenização climática e dos conflitos sociais. Por serem áreas de dedicado manejo, jardins, praças e parques são muitas vezes relegados ao abandono e nesse estado demandam frequentes requalificações, tornando-se alvos preferenciais para investimentos do poder público. No entanto, quando localizados nos bairros mais antigos, comumente as intervenções realizadas pouco se atêm ao caráter histórico-cultural desses espaços, numa busca por inovações que, não raro, tratam de sepultar a memória urbana. Em Natal, essa tem sido uma prática comum, mesmo se tratando de alardeadas "restaurações", que supostamente tentam resgatar configurações morfológicas originais. Nesses espaços, a configuração espacial atual possibilita novos usos, mas resulta em ausência de identidade e no esmaecimento do caráter simbólico do local.