Apesar de contar com ancoradouro naturalmente abrigado, o porto de Recife era susceptível ao assoreamento proveniente dos rios que ali desaguam, impactando negativamente nas dinâmicas da cidade. Das diversas propostas oitocentistas, a de Raphael Archanjo Galvão Filho buscou solução a partir do conhecimento físico-geográfico fluvial e foi base para os projetos e ações subsequentes, em um momento de reformas urbanas com importante introdução de novos hábitos de convivência social. Depreender, portanto, as implicações do embate técnica-natureza nas obras de melhoramento do porto que contribuíram na criação de espaços para as práticas de sociabilidade na cidade, é o objetivo deste artigo. Ao focar as obras efetivadas durante a segunda metade do século XIX e início do XX, abalizada pelos relatórios técnicos e ministeriais, jornais e bibliografia pertinente, a análise amparou-se nos aportes da História Ambiental e Social Urbana. Divisou-se que as intervenções resultaram no domínio sobre os entraves relacionados aos rios e permitiram o emprego do material dragado em aterros, retificando suas margens. A produção e redefinição dos usos dos espaços, fruto das demolições e das benfeitorias da zona portuária, proporcionaram a instalação de diversos equipamentos coletivos urbanos, como jardins, passeios públicos, cafés e restaurantes à "moda francesa e inglesa".
Link para o trabalho: Acesso
https://revistasfaud.mdp.edu.ar/registros/article/view/516