SILVA, Adielson Pereira da. Concepções e resultados das "obras contra as secas": aportes territoriais para modernização agrícola potiguar. 2017. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Geografia - Bacharelado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2017. Orientador: José Lacerda Alves Felipe.

Período: 2017
Resumo:

A problemática das secas do Nordeste do Brasil é uma questão complexa, em seus fatores naturais e sociais, que desde os primeiros séculos de ocupação portuguesa vêm chamando atenção daqueles que a vivenciam. A região na qual há o domínio do fenômeno por muito foi considerada um vazio, mesmo que ali existisse comunidades autóctones que conviviam organicamente com os caracteres da natureza hostil; de início, ao europeu não interessava adentrar àquelas paragens. Com o avanço da população rumo a esses sertões o problema ganharia cada vez mais evidência, ao chamar atenção da imprensa, dos intelectuais e do Governo Imperial. A classe de profissionais politécnicos teria papel fundamental nas discussões que surgiram desse contexto, pois trazia para si e para o Estado a responsabilidade dos problemas gerados pelas secas, entendidos como algo que deveria ser superado pela técnica. O ponto culminante foi a criação, já na República, da Inspetoria de Obras Contra as Secas (IOCS), em 1909, órgão que marcou a institucionalização e sistematização do enfrentamento ao problema, mas que até hoje, 108 anos depois, ainda sobrevive com significativa importância na questão, sob a denominação de Departamento Nacional de Obras Contra as Secas. Nesse ínterim, o órgão passou por diversas reformulações regimentais, de modo que as intervenções na área de recursos hídricos, produção agrícola e transportes, que foram implementadas na região trouxeram ao espaço dos estados nordestinos transformações, que foram guiadas pela concepção do problema que existia em cada momento da trajetória do órgão, além das particularidades de ordem política, econômica e social enfrentadas. Diante disso, nos questionamos como as ações desse no sentido de modernizar o território, as mudanças na atuação e as repercussões espaciais resultantes foram guiadas pelos matizes de pensamento, pelas contradições e pelo contexto histórico de cada momento? Para tal, utilizamos a categoria analítica do território e nos lançamos à investigação dos regulamentos, estudos, relatórios e boletins técnicos institucionais, além de outras publicações oficiais e de personagens que escreveram sobre a questão das secas. O nosso objetivo é de analisar as concepções de enfrentamento às secas, expressas pelos estudos realizados e pelas políticas públicas empregadas contra o problema pelo órgão, tendo como recorte analítico o estado nordestino do Rio Grande do Norte. A análise do material empírico demonstrou que a centenária atuação do órgão estruturou o território de maneira diferente a cada momento específico, de modo que dentro de suas limitações analíticas e técnicas, assim como também com seus desvios e contradições de atuação, em alguma medida supriu a falta de infraestrutura existente no território potiguar, permitindo a circulação de transportes, o acúmulo de água e, por consequência disso, observou-se avanços nas atividades agrícolas do estado.

Acesso completo em:

http://monografias.ufrn.br/jspui/handle/123456789/6002