A representação da paisagem brasileira das primeiras décadas do século XIX configurou-se como um
importante tema para a construção da identidade imagética do Império. A produção pictórica produzida
pelos viajantes estrangeiros auxiliou na construção do que se convencionou como paisagem urbana
brasileira do Oitocentos, permeou pelos estudos e foi consolidada e legitimada pela historiografia ao
longo da primeira metade do século XX. Busca-se, neste artigo, delinear um breve panorama da
representação dos núcleos urbanos brasileiros no Oitocentos pelos viajantes estrangeiros. Ao se voltar
às representações mais conhecidas, que representam a urbe brasileira a partir de lentes edulcoradas
e rígidas regras estilísticas, intenta-se responder as questões como: existe uma matriz de signos
relativos à paisagem brasileira repetidos ao longo dos séculos? Quais aspectos morfológicos da urbe
seriam amplificados em suas descrições? Quais elementos serão subtraídos de suas representações?
A análise fundamentou-se na revisão bibliográfica, com enfoque na problematização do material
iconográfico como fonte historiográfica sobre o assunto e na análise da iconografia elencada por meio
de sua leitura formal e interpretativa. O material iconográfico revela transformações históricas vividas
pela sociedade ao qual pertence; contudo, há mais neste discurso: obras de arte não são espelho, nos
transmitem aspectos da realidade a partir de estratagemas: ora deslocando ou desfocando elementos,
ora redimensionando aspectos do real. Investidas de caráter documental desde a sua produção, a obra
dos viajantes mostrou-se permeada por esquemas figurativos, cujo emprego adiciona camadas de
significação ainda pouco exploradas.
MOREIRA, Barbara Gondim L. Paisagens edulcoradas: a imagem da cidade brasileira oitocentista nos relatos de viagem. In: XV Seminário de História da Cidade e do Urbanismo (SHCU), 2018, Rio de Janeiro, RJ. p. 1-20. Anais do XV Seminário de História da Cidade e do Urbanismo, Rio de Janeiro: ANPUR, 2018.
Período: 2018
Resumo: