MEDEIROS, Gabriel L. P. ; TEIXEIRA, Thaysa Fernandes ; FERREIRA, Angela Lúcia ; ARAUJO, Breno de Assis Silva . Entre Coroa, Igapó e Rocas: as dificuldades técnicas e fundiárias de inserção do Parque ferroviário da EFCRGN no traçado urbano de Natal - Brasil (1908-1920). In: V Congresso Internacional de História e Patrimônio Ferroviário & IV Jornada de Jovens Pesquisadores em História e Patrimônio Ferroviário, 2020, Campinas/SP. Caderno de resumos.... Campinas: PUC/Campinas e UNESP/Campus Rosana, 2020. v. 1. p. 229-235.

Componentes: Gabriel L. P. Medeiros ; Thaysa Fernandes Teixeira; Angela Lúcia Ferreira; Breno de Assis Silva Araújo
Período: 2020
Resumo:

Os caminhos ferroviários possibilitaram o deslocamento das mercadorias e demograficamente alimentaram os principais centros urbanos brasileiros no início do século XX. Muitos parques ferroviários foram projetados e construídos nos principais núcleos, articulando diferentes linhas de comunicação, assim como os mecanismos que se voltavam ao mercado de exportação - os portos - e que recebiam atenção especial do Ministério de Viação e Obras Públicas, dentro dos princípios de intervenção sanitaristas, reorganizando as bases da economia brasileira.
Em Natal, havia o parque ferroviário da Great Western Railway Company - existente desde a década de 1880 e localizado numa das principais praças da cidade - e a partir de 1908 é dado início à construção de outro complexo, implantado na Esplanada Silva Jardim - logradouro de relativa proximidade da zona central, que se limitava com comunidades de baixo poder aquisitivo. Era um importante equipamento para o desenvolvimento urbano da capital norte-rio-grandense. Servia à Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte (EFCRGN) e constituía um complexo arquitetônico de grandes proporções para a cidade do Natal - cuja população rondava a cifra de 20 mil habitantes em 1908 (IBGE, 2010) - e suas funções englobavam tanto a recepção de passageiros, o armazenamento de mercadorias, a própria administração da companhia, quanto oficinas de montagem de vagões e reparos de locomotivas, o que representava o emprego de uma mão-de-obra operária considerável, que habitaria as regiões limítrofes e corroboraria o crescimento daquela fração da cidade.
O equipamento, uma vez construído, representou uma clivagem no espaço de Natal: 1) Separava as Rocas (bairro popular) da Ribeira (bairro comercial/institucional); 2) A localização não favorecia o tráfego dos comboios e locomotivas, além de representar uma imagem indesejada pelas elites da cidade; e 3) Enfrentou uma série de dificuldades técnicas, políticas e geográficas para se implementar. As funções albergadas no complexo, entretanto, foram importantíssimas na definição de postos de trabalho na cidade e consolidou a classe dos trabalhadores ferroviários em Natal. Além disso, eram nessas instalações que se realizavam os reparos de carros, vagões, locomotivas e todo o equipamento rodante da EFCRGN, bem como, funcionava ali o setor administrativo e técnico.
Dada a importância inconteste desse equipamento para a cidade, este estudo objetiva discutir as idiossincrasias relacionadas ao planejamento e execução desse equipamento, atentando para as práticas políticas e fundiárias que estavam imbuídas no contexto. Parte-se de fontes de dados empíricos de diferentes naturezas: 1) Relatórios Oficiais de Governo do Estado do Rio Grande do Norte; 2) Periódicos em circulação à época; 3) Relatórios da Companhia Viação e Construções - arrendatária da construção da Central; e 4) Plantas e demais representações projetuais das estruturas do parque ferroviário. O cruzamento dos dados obtidos nessa documentação permitiu a construção de um quadro sobre as peculiaridades relativas à implantação do complexo ferroviário.

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