As recentes discussões acerca dos problemas gerados pela disseminação das enfermidades e o rápido espraiamento no território da pandemia atual, evidenciaram temas como as tensões entre a insalubridade e as questões ambientais, fazendo-nos retomar estudos realizados há exatamente 20 anos. Tais estudos diziam respeito às investigações médicas empreendidas na Europa, a partir do Século XVIII e, de modo mais enfático, com a contínua ameaça das epidemias no Século XX as quais revelaram a influência do meio natural, dos condicionantes geográficos e do contexto social no processo de origem e difusão de enfermidades. O pensamento higienista orientou médicos no diagnóstico do espaço urbano a partir da relação entre fatores da geografia física, da história natural, dos hábitos sociais e a ocorrência de doenças endêmicas e epidêmicas. Tratados conhecidos como Geografias e Topografias Médicas, difundidos pelo mundo, permitiram uma descrição documental das cidades, "espacializando" as doenças e identificando sua natureza, sua evolução e seu tratamento. O presente artigo retoma o que pode ser considerado os primeiros estudos geográficos e ambientais do espaço urbano. De modo específico, dar-se-á ênfase à análise da "Topographia de Natal e sua Geographia Médica" elaborada pelo médico Januário Cicco em 1920, demarcando, assim, 100 anos de sua publicação.
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