ASSUNÇÃO, Gabriela L.. Escombros que falam: as fontes de uma história cultural centrada nas demolições ocorridas em Recife e Salvador (1909-1933).In: XVI Seminário de História da Cidade e do Urbanismo, 2021, Salvador . Anais do.... Salvador: UFBA, 2021. v. 3. p. 2498-2513

Componentes: Gabriela Assunção
Resumo:

A multiplicação do processo de modernização nas mais variadas cidades, gerou no contrapelo representações sobre o passado. O olhar para o que foi varrido pela "tempestade do progresso" (termo de Walter Benjamin) nas urbes de Recife e Salvador do período de 1909 a 1933 demonstra um campo fecundo de estudos ainda pouco explorado. A primeira dessas cidades apagou seu núcleo de formação (1909-1918) e a outra perdeu símbolos de sua herança colonial, entre esses à Catedral da Sé (demolida em 1933). A estratégia metodológica de investigar casos de demolições revela visões em disputa sobre o projeto de cidade. A sobreposição das novas imagens da modernidade sobre a anosa feição colonial não se fez sob consensos, mas sobre a formação de sensibilidades em torno do valor de certos exemplares do passado, enquanto representativos da identidade nacional. Os fragmentos dessa história foram encontrados em iconografia (fotografias, mapas e plantas da cidade), fontes tradicionais (relatórios, mensagens de governo, legislação, contratos) e na grande massa de artigos de periódicos da época (documentação não oficial). O resultado da pesquisa evidencia a importância das demolições realizadas em Recife e Salvador, para o processo de oficialização do patrimônio nacional, posto que os casos emblemáticos estudados circularam nos meios técnico, intelectual e político. Uma abordagem que merece ser conhecida, por mostrar que os escombros foram mais do que fragmentos de um passado inerte, servindo como objeto de discurso e por sua força retórica tiveram papel fundamental na salvaguarda da outros bens representativos da herança cultural brasileira.
Link para o trabalho: Acesso