(Trabalho apresentado no XI Seminário de História da Cidade e do Urbanismo)
As crises ambientais, surgidas na década de 1970, possibilitaram um novo olhar historiográfico acerca do desenvolvimento da humanidade. Desde então, a História Ambiental vem se constituindo numa área de conhecimento, cujo eixo norteador tem como base a relação histórica entre os processos humanos e a dimensão natural, que ultrapassa as abordagens historiográficas vigentes. Por sua vez, ao considerar a cidade, a História Ambiental Urbana emerge numa perspectiva interdisciplinar, buscando analisar essa relação ? muitas vezes tumultuada ? entre o citadino e o meio físico-geográfico circundante. Mas, como o aparato teórico-metodológico e as análises da História Ambiental Urbana permitem outra abordagem no entendimento espacial da cidade? Compreender, portanto, os aportes dessa área de conhecimento na formação do pensamento urbanístico, contribuindo nos debates sobre o meio ambiente e o construído é o objetivo deste trabalho. Para tal, apresenta o estudo, pelo viés da histórica ambiental, de um elemento importante no processo de transformação urbana de Natal: as reformas de melhoramento do porto. As intervenções técnica incidiram diretamente em áreas naturais para a abertura da barra do rio Potengi. Documentos publicados entre 1860 a 1925 ? relatórios técnicos e governamentais e periódicos locais ? e uma revisão da bibliografia atual especializada foram utilizados para a análise. O estudo revela que estas ações resultaram em mudanças dúbias na paisagem: de qualificação do espaço urbano à destruição de manguezais e corpos d?água. Assim, ao convergir conhecimentos, a História Ambiental Urbana incorpora olhares e compreensão sobre a interação conflitante e dependente homem-natureza no processo de modernização das cidades.
Download