(Trabalho apresentado no VIII Coloquio Internacional de Geocrítica: Geografia Histórica e Historia del Território - México, 2006)
O Sertão foi um desbravar contínuo, de fronteiras que se construíram no enfrentamento das vicissitudes econômicas, sociais e geográficas; fronteiras que são físicas e culturais e que permaneceram imprecisas ao longo do século XIX e mesmo nas primeiras décadas do século XX. Assim, pretende-se estabelecer neste artigo algumas notas introdutórias para discutir o processo histórico de construção da entidade geográfica conhecida como Sertão. Para tanto, são problematizados alguns pontos da espessa trama discursiva, oriunda de fontes e disciplinas diversas (relatos de viajantes, relatórios técnicos, registros jornalísticos, pesquisas etnográficas, etc.), que conformariam essa construção. Vinculado quase sempre ao temário das secas, o Sertão constituiu-se num dos espaços privilegiados dos debates nacionais. Compreender a instrumentalização do enfrentamento do Sertão como problema técnico pressupõe assim a compreensão de como foram delimitados seus limites, suas características, seus conteúdos. Palavras-chave: formação territorial ? Sertão ? secas ? representações ? discurso técnico.