FARIAS, Hélio T. Maciel de. Contra as secas: a engenharia e as origens de um planejamento territorial no Nordeste brasileiro (1977-1938). 2008. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal, 2008. Orientador: Angela Lúcia Ferreira

Período: 2008
Resumo:

As secas apresentaram-se, desde 1877, como um problema de solução imprescíndivel para a nação brasileira em formação. Os engenheiros, que formavam a elite técnica e científica do país, tomaram para si a respo- sabilidade de estudar, compreender e combater o problema através de ações planejadas de intervenção sobre o espaço. Este trabalho se propõe a, a partir das propostas e discussões do significado que as ações sistematizadas contra os efeitos das estiagens nas últimas décadas do século XIX e primeiras do século XX tiveram o sentido de indicar elementos para análise do espaço e para a formação de um (então inexistente) corpo disciplinar de planejamento urbano e regional no Brasil. Os engenheiros, ao assumir o posto de mentores da modernização do país, garantiam para si mesmos estabilidade econômica pessoal, prestígio social e poder político. Entendendo a natureza ora como um recurso a ser explorado, ora com o impecilho para o progresso nacional, exploram o território das secas, contribuindo com a própria delimitação da região que hoje chamamos Nordeste. Procurando compreender o fenômeno das secas, acabaram por criar conhecimento sobre o espaço sobre o qual pretendiam intervir; levando a cabo, em meio a dificuldades ecônomicas e políticas, seus projetos, modificaram a estrutura de organização de cidades e campo no nordeste. As propostas de açudes, por um lado, possibilitariam a fixação da população e a resistência da economia às secas; as estradas- ferrovias e rodovias-, por outro lado, conectariam o sertão às capitais e ao litoral, facilitando o auxílio às populações durante as secas e possibilitando a circulação de bens de forma a fortalecer as economias locais em tempos normais. As práticas e técnicas adotadas, adaptadas de experiências estrangeiras e desenvolvidas a partir de tentativas e ajustes, consolidaram-se como um curso de intervenção eminentemente espacial, ainda que não tenha se formado um corpo teórico de planejamento regional ou territorial no Brasil. O Planejamento Regional propriamente dito teve início no país exatamente pela região Nordeste, na década de 1950, partindo de uma leitura econômica da realidade para atingir o desenvolvimento. O trabalho que os engenheiros efetuaram previamente, no entanto, não pode ser descartado. Ficou provado que, apesar de enfrentar entraves financeiros e políticos, os engenheiros tinham um profundo comprometimento com o problema e objetivaram agir sistematicamente sobre o espaço de modo a transformar as relações econômicas e sociais da região, para assim serem vitoriosos em sua luta contra às secas. 

Trabalho completo em:

https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/12336